Morrer, nascer, viver

As religiões cristãs, de uma maneira geral, admitem que a felicidade ou a infelicidade da alma após a morte está relacionada à escolha, em vida, da prática do bem ou do mal.

Então é pacífica a questão da imortalidade da alma!

Ensinaram-nos que no Dia do Juízo Deus ressuscitará os mortos com seus corpos físicos que se levantarão de seus túmulos, sendo certo que os bons irão para o céu e os maus para o temível inferno.

A opinião dos teólogos sobre o inferno nos remete a um lugar físico, geográfico e material, uma vez que tem que ser povoado por criaturas terrestres dotadas de pés, mãos, boca, língua, dentes, ouvidos, olhos semelhantes aos nossos, sangue nas veias e nervos sensíveis. Este lugar seria um mundo sem sol, sem estrelas, sem lua, triste, inóspito, localizado nas entranhas do nosso planeta.
Santo Agostinho descreve que num verdadeiro lago de enxofre os maus arderão em fogo eterno sendo sempre vítimas vivas e sacrificadas por picadas de serpentes, o próprio fogo que não queima penetrando-lhes a pele, saturando todos os seus membros, na medula dos ossos, na pupila dos olhos, nas mais recônditas e sensíveis fibras do seu ser e que se, pudessem esses infelizes submergir à cratera de um vulcão este lhes seria um lugar de refrigério e repouso. Outros suplícios corporais descreve, todos executados por demônios. Por toda a eternidade.

Tais idéias imagino que eram bem aceitas pelos homens simples medievais, porque acreditavam no que os religiosos lhes ensinavam. Afinal, somente os religiosos e os nobres sabiam ler e escrever. É como nos dias atuais as pessoas simples, analfabetas, interioranas, carentes de recursos, sentem-se diante de um doutor: tímidas, mal entendendo o que se lhes fala, quanto mais discordar de alguma coisa!

O mundo mudou, progrediu. As religiões não. As idéias teológicas continuam as mesmas da idade média.

Hoje podemos questionar todas essas teses. O que você escolhe?

1. A alma ficar dormindo após a morte esperando o Dia do Juízo para lhe ser ressuscitado o corpo no estado em que se encontra ou a ressurreição significar que no momento da morte a alma se liberta, e é isso que significa a ressurreição, porque “é morrendo que se vive para a vida eterna”?

Na segunda hipótese, a partir da morte do corpo a alma inicia uma vida nova com um corpo astral cópia do nosso corpo físico só que sem doenças, talvez rejuvenescido, com a mesma personalidade, os mesmos sentimentos, pronto para viajar para outras moradas inalcançáveis para nosso corpo físico, que é perecível, denso e pesado demais para transitar por lá.

2. A aceitação da existência do inferno, dos demônios e das penas eternas ou a misericórdia de Deus atuando com novas chances para que os maus melhorem, progridam moralmente, tornem-se bons?
Porque a idéia de um Deus soberanamente bom e misericordioso não combina com a condenação de seus filhos por todo o sempre. Consideremos que após um período de torturas até o pior dos homens haverá de chorar, lamentar os erros praticados, arrepender-se, clamar a Deus que, ouvindo o choro e o ranger de dentes certamente não ficará indiferente, porque é Pai, é Amor.

Há na Bíblia uma explícita negação à eternidade das penas, em Ezequiel – Capítulo 18, do qual destaco o versículo 23: “Tenho eu algum prazer na morte do ímpio? diz o Senhor Deus. Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?””

Percebemos facilmente que nem as crianças aceitam certas idéias bíblicas enquanto muitos adultos afirmam que é a palavra de Deus. Ok, mas foi escrita pelos homens, seres falíveis capazes de mudar o sentido do texto para atender seus anseios e ambições. Uma tradução aqui, uma palavra modificada ali, atos perfeitamente possíveis de terem ocorrido no decorrer dos séculos. Outra coisa que me parece simples é o sentido simbólico de certas passagens do velho testamento, como por exemplo a história de Adão e Eva que tiveram apenas dois filhos, Caim matou Abel, fugiu, casou-se em terras estrangeiras (mas não eram só eles no mundo?).

Por hoje é só, pessoal. O assunto é por demais extenso!
Luz dos anjos em todos os corações!

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7 respostas para “Morrer, nascer, viver”

  1. Realmente estas teorias não se sustentam, por isto gosto da doutrina espirita que tem uma explicação lógica, mas respeito todas as religiões, penso que sem um estudo aprofundado não podemos julgar, assim como alguém que nunca leu um livro espirita também não pode…
    acho que a tendência será uma unificação entre religiões, mas infelizmente ainda falta muito de maturidade para conquistarmos esta harmonia.
    Beijos

  2. Esse foi um dos suas postagens que mais gostei! Você deve ter ficado exausta pra postá-la… esse assunto é muito desgastante e sempre para convencer a maioria das pessoas, tem que ser colocado a Bíblia como prova…

    O difícil é exatamente isso, buscar na Bíblia as palavraas certas para iluminar as idéias do próximo… A Bíblia é cheia de "chaves secretas", tem muita coisa que não pode ser levada ao "pé da letra" como por exemplo como você disse a história de Adão e Eva… etc

    Quando era pequeno, sempre fazia "confusão" com a Bíblia, eu não conseguia entender como o mundo foi criado em 7 dias, a própria história de Adão e Eva e nem sobre a Arca de Noé (nem sei se está na Bíblia)… acho que elas foram escritas de uma forma mais "fantasiosa", não para serem totalmente seguidas sem risca…

    Em fim, adorei seu post! Receba minhas vibrações de alegria!

    Luz e Paz

  3. Ai amiga, adorei saber que não sou a única que cresceu recebendo orientações que hoje demonstram ter caido por terra.
    Vez ou outra ainda me vejo colocando em duvida alguma coisa que leio, por causa da educação bibliocêntrica que recebi, como se tudo sobre o homem já pudesse ter sido escrito e acabado quando a bíblia foi escrita.
    Longo assunto ainda a ser debatido e melhor esclarecido. Ótima postagem, bjs e um ótimo fim de semana

  4. Oi Marlene,

    Assunto denso e muito complexo! Leio, em busca de conhecimento, sobre todas as formas de "religare", mesmo tendo minha própria convicção…
    Confesso que vida após a vida (alguma forma deve subsistir) é um assunto instigante: como, onde, provas "palpáveis", etc, etc, ainda não encontrei estas respostas…
    Seu post aguça nossa curiosidade, interesse, nosso saber, nosso "sentir"…
    Um grande abraço, Liége.

  5. Gosto e acho necessária as vezes ter essas discussões e reflexões.

    As pessoas muitas vezes nem mesmo se questionam sobre essas perguntas colocadas na postagem, acreditam que "questionar Deus e sua Lei é pecado".

    Questionar é bem mais além de condenar/criticar/discordar; questionar é você fazer perguntas, visando para isso resultados não necessáriamente contrários, mas que atualizam e/ou complementem os antigos.

    BOM FIM DE SEMANA!

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