Leitor(a) amigo(a) ,
Compartilho com você uma narrativa cheia de cores do Evangelho. Mateus (6:9-15).
Pena que seja tão extenso. Destaco as partes mais importantes para que a leitura seja rápida:
[…]
“Os discípulos aguardam-No com carinho, ansiedade, e inquirem-No quanto à melhor forma de orar, como dizer todos os ditos da alma Àquele que é a Vida e que sabe das necessidades de cada um em particular e de todos simultaneamente. . .
Havia, sim, em todos, o desejo veemente de aprender com o Rabi, — que tantas lições lhes dispensara antes com invulgar sabedoria! — a mais eficiente das orações.
Inquiriam, porém: “se Deus nos conhece e sabe o de que temos maior urgência, por que se há de Lh’o rogar? Como fazê-lo, então?”
— “Ensina-nos a orar!” — pediu um dos discípulos, amigo devotado.
Seus olhos estavam incendiados de luz e nele havia aquela confiança pura da criança que se entrega em total doação e aguarda em tranquilidade enobrecida. O Mestre relanceou o olhar pelas faces expectantes daqueles que O buscavam seguir e desejavam adquirir forças para, no futuro, se entregarem inteiramente ao Evangelho nascente;
Depois de sentir as ânsias que através dos tempos estrugiriam nos continuadores da Sua Doutrina, pelos caminhos do futuro, sintetizou as necessidades humanas em sete versos, os mais simples e harmoniosos que os humanos ouvidos jamais escutaram, proferindo a oração dominical.
As frases melódicas cantaram delicadas através dos Seus lábios como se um coral angélico ao longe modulasse um cantochão de incomparável melodia, acompanhando suavemente.
Uma invocação: “Pai Nosso que estás nos Céus;” (*)
Glorificação d’Aquêle que é a vida da vida, Causa Causica do existir, Natureza da
Natureza — Nosso Pai!
Três desejos do ser na direção da Vida, após a referência sublime ao Doador de
Bênçãos:
“Santificado seja o Teu Nome.
“Venha a nós o Teu Reino,
“Seja feita a Tua vontade, na terra como no céu;”
Eloquentes expressões de reconhecimento ao Altíssimo; humildade e submissão da alma que ora e se subordina às inexauríveis fontes da Mercê Excelsa; entrega total, em confiança ilimitada. Exaltação do Pai nas dimensões imensuráveis do Universo; respeito à grandeza da Sua Criação, através da alta consideração ao Seu Nome; resignação atual diante das Suas determinações divinas e divina presciência.
Canto de amor e abnegação!
Três rogativas, em que o homem compreende a própria pequenez e se levanta, súplice, confiante, porém, em que lhe não será negado nada daquilo que solicita:
“O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje; “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores; “Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos de todo o mal.” A base da manutenção do corpo é o alimento sadio, diário, equilibrado, tanto quanto a vitalidade do espírito é a sintonia com as energias transcendentes — dá-nos hoje! Sustento para a matéria e força para o espírito, de modo a prosseguir no roteiro de redenção, no qual exercita as experiências evolutivas. Reconhecimento dos erros, equívocos e danos causados a si mesmo e ao próximo — perdoa-nos!, — ensejando reparação, através da oportunidade de refazer e recomeçar sem desânimo, superando-se e ajudando aos que nos são vítimas — como perdoamos aos que nos devem!… Forças para as fraquezas, em forma de misericórdia de acréscimo, multiplicando as construções das células e das energias espirituais; reconhecimento das incontáveis fragilidades que a cada instante nos sitiam e nos surpreendem — livra-nos de todo o mal!
* * *
A musicalidade sublime canta em balada formosa na pauta da Natureza, conduzida pelo vento.
A mais singela, a mais completa oração jamais enunciada.
Há emoções nos espíritos que reconhecem a responsabilidade de conduzirem o
sublime legado na direção do futuro.
A ponte de intercâmbio entre os dois planos do mundo está lançada. Transitarão,
agora, as forças mantenedoras do equilíbrio: “Pedi e dar-se-vos-á;” — exorou o Pomicultor Divino. “Ensina-nos a orar!” — rogara o discípulo ansioso.
As virações daquela hora embalsamam o ar de mil odores sutis e constantes, e há
festa nos corações.
O Reino de Deus está, agora, mais próximo. Divisam-se os seus limites e se
vislumbram as suas construções…
Nenhum abismo, nenhum óbice. Vencidas as indecisões, os caminhos se abrem,
convidativos, oferecendo o intercâmbio.
Aqueles homens que se levantarão logo mais da insignificância que os limita e irão
avançar no rumo do infinito, doravante, orando, estarão em comunhão permanente
com o Pai.
O homem sobe ao Pai no Céu — o Pai desce ao homem na Terra. Já não há um díptico. Do solilóquio chega-se ao diálogo. E do diálogo o espírito sai refeito, num grande silêncio de paz e vitalidade, exaltando o amor de Deus na potencialidade inexcedível da oração. “Ensina-nos a orar!” “Pai Nosso que estás nos Céus. . . “
***
Trecho retirado do livro Luz do Mundo, de Divaldo P. Franco / Amélia Rodrigues.
Despeço-me rogando ao Pai que lhe abençoe com alegria no coração e paz na alma!
Marlene Oliveira